Com quantos paus se faz uma Patroa?
O céu estava azul, o sol brilhava a pino e eu carregava paus, galhos e troncos roliços para fazer uma jangada que me levaria para bem longe daquela ilha deserta. Aff! Mas de nada adiantavam as dezenas de idas e vindas porque assim que eu colocava os paus na areia, subia uma névoa fina e tudo se fundia num tronco só. Eu já estava toda arranhada, irritada, suada e jurei que aquela seria minha última viagem…
Ufa… Acordei!
Acordei exausta mas dando graças a Deus de ter sido apenas um cochilo depois do almoço e não uma noite inteira naquele esforço inútil e sem fim. Fui tomar um banho para tirar a inhaca… mas aí… enquanto a água escorria pela minha cabeça, as fichas iam descendo.
E uma voz estalou lá dentro do meu ouvido:
Com quantos paus se faz uma Canoa?
Com um Só.
Moral da história, ou melhor, do sonho… sejam quantos forem os pilares que a gente precise erguer para sustentar nossas escolhas, todos se fundirão para fortalecer a pessoa que queremos ser.
Eu sei que essa conclusão é óbvia demaaaaiiissss!
O grande lance é saber decodificar os sinais e colocá-los em prática, e isso eu posso garantir que não é nada simples. Já faz mais de 6 décadas que eu estou juntando pauzinhos para construir e atualizar meu próprio estilo.
Acho legal dizer que falo de Estilo como uma forma de expressão, um conjunto de características mais aparentes mas nem por isso menos importantes, que se modificam sempre que abrimos nossos horizontes e assumimos novas crenças.
Então, te convido a refletir comigo sobre 6 perguntas que me ajudam a assumir mudanças no meu Estilo, e ser a Patroa de Mim mesma.
1 – COM QUE ROUPA VOCÊ É MAIS VOCÊ?
Estilo não se compra, se define.
No dicionário a palavra Estilo, quando se refere a pessoas, é a maneira particular com que alguém se expressa, seja através da escrita, da música, do modo de vestir, pintar, esculpir, desenhar, falar, etc…
É verdade que essa palavra tem sido usada com foco no modo de se vestir, mas mesmo neste sentido mais estrito, o senso comum tem valorizado a maneira individual e exclusiva de cada indivíduo.
Eu considero a roupa como uma segunda pele, incluindo aí os acessórios, o corte de cabelo e o tingimento ou não das madeixas. Não tenho nenhuma dúvida de que a forma como nos vestimos fala de nosso posicionamento de vida, preferências, atitudes, temperamento e outras coisas mais. É um símbolo do que somos internamente.
Por tudo isso acho super importante perguntarmos para aquela parte mais profunda, que só a gente conhece:
1 – A roupa que visto traduz quem Eu sou?
2 – Tenho receio do que os outros vão pensar se me virem vestida como quero?
2- O QUE SENTE QUANDO SE VÊ VESTIDA ASSIM?
Quando estou vestida de mim fico mais assertiva.
Se o receio da opinião alheia pode nos impedir de vestir isso ou aquilo, o que a gente sente quando se olha no espelho pode alimentar ou sugar nossa autoestima.
Lembro bem quando minha mãe me emperequetava para as festas natalinas e eu ficava pelos cantos tentando ser invisível. Só voltava ao normal quando trocava a roupa toda. Relembrar esses reações da infância, me reconecta com minhas verdades.
Moral da história, se o sapato está apertando, o cinto amarrando ou a blusa espetando, faça como as lagostas: jogue a carcaça fora e crie outra.
3 – O QUE FAZ VOCÊ SE SENTIR ILUMINADA E DIVERTIDA?
“A criatividade é a inteligência se divertindo.” Albert Einstein
Somos criativos por natureza e já está comprovado que a infância é a fase de maior ativação e efervescência da criatividade e que, ansiedades, medos e outras questões da fase adulta tendem a desativar
nossa criatividade.
Ainda bem que nossos neurônios estão sempre prontos a ativar novos caminhos. Ebbaaaa!!!
Então não dá pra perder nem mais um segundo. Bora fazer o que nos ilumina: inventar histórias, costurar, fazer videos, dançar, cantar… VIVER!
4 – QUEM VOCÊ CHAMARIA PARA BRINCAR?
Ter companhia para brincar é como olhar o mundo com um outro olhar!
Uma boa companhia acredita em nosso potencial, conhece nossos defeitos, compartilha os defeitos dela com a gente, dá força para conquistarmos nossos sonhos, nos empresta seu olhar e nos acolhe nos bons e maus momentos.
Eu me considero afortunada por ter amigos assim espalhados por esse mundão afora. A maioria deles conheci de formas inusitada: no metrô, aprendendo a surfar, cantando num sarau, viajando, enfim, basta estarmos atentas aos sinais e com olhos de enxergar para além das aparências.
5- O QUE TERIA QUE ENFRENTAR PARA SER A NOVA VOCÊ?
“A maioria de nós possui duas vidas. A vida que vivemos e a vida não vivida que existe dentro de nós. Entre as duas, encontra-se a Resistência.” Steven Pressfield
A nova Você pode mudar a imagem que os outros têm da antiga você, pode mexer na rotina familiar e até nos relacionamentos. Vivo isso direto e sei que não é fácil de administrar, mas acredito que mais difícil é não viver o que temos para viver.
No livro A Guerra da Arte Pressfield demonstra que a Resistência é ardilosa e vai tentar nos subornar com vantagens imediatas, problemas futuros, críticas, medos, doenças, cuidados, amor, ou seja, essa força da natureza usará todos os artifícios para enfraquecer nossa vontade de mudar. E por isso mesmo ele diz que ela pode ser nossa bússola:
“… quanto mais importante uma vocação ou ação for para a evolução de nossa alma, mais Resistência sentiremos” Steven Pressfield
6 – O QUE VOCÊ QUER MUDAR AGORA?
“Toda grande caminhada começa com um simples passo” Buda
Comece com uma pequena experiência tipo: usar uma roupa diferente – sair sozinha para almoçar – procurar novas soluções para os mesmos problemas – ir sozinha a um lugar que ainda não conhece, essa pode parecer boba mas se você for espacialmente desnorteada que nem eu, será um exercício de coragem e atenção.
Esse plano conta-gotas nos ajuda a ver como serão as reações das pessoas e como nos afetaremos com as mudanças. Arrisco dizer que este é um caminho de autocura porque nos permite preparar nosso corpo e mente para os próximos passos.
Tornar-se Patroa, ou Senhora (se você preferir) da própria empreitada é uma pedra preciosa para se lapidar ao longo da vida. Estou nessa jornada há tempo suficiente para saber que o segredo é a dedicação, e que fórmulas mágicas não existem.
Se você tiver vontade de contribuir com um comentário, eu vou achar ótimo! Bora caminhar juntas.
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